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Colheitadeira de cana-de-açúcar: veja como funciona, tipos e onde encontrar

📅 Maio 18, 2023

O cenário

A produção de cana-de-açúcar pode chegar a 598,3 milhões de toneladas na safra 2022/23, crescendo 4,4%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse aumento pode ser explicado pelos ajustes nas áreas colhidas e aumento da produtividade, como ao usar uma colheitadeira de cana-de-açúcar.

Esse recurso mecanizado otimiza a produção rural, sendo possível trabalhar 24h/dia e produzir diariamente o equivalente ao trabalho de 80 homens. Os dados são da pesquisa realizada pelo Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da USP.

O que é colheitadeira de cana-de-açúcar?

Trata-se de uma máquina agrícola que dispensa a queima para cortar e processar a planta. Feito isso, a matéria-prima é transportada por caminhões até a moenda da usina, onde a cana será moída para extração do caldo.

A colheitadeira de cana-de-açúcar mecaniza o processo e substitui outro tipo de colheita, a semimecanizada, cujo corte da planta é manual. Nesse caso, os canavieiros usam foices ou facões para cortar a matéria-prima, após ela ter sido parcialmente queimada, para facilitar o corte. As etapas seguintes, como carregamento e transporte, já costumavam ser mecânicos.

Entretanto, em 2022, foi aprovada a Lei Estadual 11.241/2002, no estado de São Paulo, que proibia gradativamente a queima da planta, obrigando o processo semimecanizado a diminuir. Os agricultores que insistissem na prática deveriam adotar medidas compensatórias para minimizar os impactos ambientais.

Posteriormente, surgiu o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 12.651/2012), que proibiu o uso de fogo na colheita da cana-de-açúcar. Afinal, a queima da palha da cana-de-açúcar emite poluentes agressivos à saúde dos produtores rurais e da população no entorno.

Por esse motivo, o Brasil se tornou o maior emissor de queima de biomassa da cana em 2016, segundo dados da Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO). Logo, foi necessário abandonar o corte manual e adotar máquinas e técnicas mais modernas. Ainda assim, muitos produtores rurais ainda mantêm o processo semimecanizado de colheita da cana-de-açúcar.

Cada vez mais surgem pesquisas que comprovam a superioridade da colheita mecanizada. Na prática, ela reduz os impactos ambientais e eleva a eficiência operacional, além de diminuir os riscos de crescimento de plantas daninhas.

Como funciona a colheitadeira de cana-de-açúcar?

Essa máquina agrícola corta e limpa parcialmente a matéria-prima, que, então, é carregada em veículos de transporte.

Para isso, logo no início, a cana-de-açúcar tem os ponteiros cortados pelos despontadores. Ela também pode ser colocada em um divisor de linhas, auxiliar opcional para separar ou desentrelaçar a planta em canaviais. Esse divisor é acionado junto com os divisores principais.

O passo seguinte é encaminhar a cana para o rolo tombador e, posteriormente, para o cortador de base. Como o próprio nome sugere, ele é responsável por cortar a matéria-prima, fazendo isso o mais rente possível à superfície do solo.

Então, os caules da cana se direcionam para os rolos transportadores no interior da colheitadeira. Logo, os pedaços cortados são transportados para o cesto da máquina agrícola, sendo limpos pelo extrator primário. Trata-se de uma região com um ventilador axial, máquina de movimentação de ar limpo para remover as impurezas.

Após essa etapa, os pedaços previamente limpos vão para o cesto por meio de um elevador por esteiras. De lá, eles seguem para uma segunda limpeza em outro ventilador axial. Por fim, os pedaços cortados e limpos se encaminham para o veículo de transbordo específico.

Quais são os tipos de colhedora de cana?

Essas máquinas agrícolas dependem do tipo de funcionamento, sendo classificadas em automotrizes e montadas.

Automotriz

Executa todas as operações da colheita, como corte, recolhimento, trilha das plantas, limpeza e acondicionamento da matéria-prima, dispensando o auxílio de outras máquinas. Essa independência da automotriz eleva o desempenho operacional relacionado à colheita da cana-de-açúcar.

Montada

Necessita de um trator agrícola para operar. A colhedoras é acoplada ao trator, que é o responsável pela movimentação da máquina.

Quais são os componentes da colheitadeira de
cana-de-açúcar?

Existem diversos componentes da colhedora de cana, responsáveis pelo trabalho mecanizado de corte, limpeza parcial, fracionamento, transporte etc. Conhecer mais sobre eles ajuda a otimizar o processo de colheita. Confira abaixo:

Cortador de Pontas apara a cana para reduzir impurezas vegetais na matéria-prima;
Ponteira da Sapata — levanta a cana caída;
Divisores de Linhas — separam e desentrelaçam as plantas nos canaviais;
Sapata Flutuante — leva a planta para o centro do corte de base;
Rolos Tombadores — auxiliam no corte da cana;
Rolo Alinhador — separa e alinha a planta;
Cortador de Base — corta a cana-de-açúcar;
Sistema de Rolos — realiza o transporte das plantas;
Rolo Lançador — lança a cana no cesto do elevador;
Chapa Defletora — voltada para minimizar as perdas da matéria-prima;
Extrator Primário — primeiro ventilador axial que realiza a limpeza da cana;
Cesto — armazena os toletes de cana e alimenta a esteira do elevador;
Elevador — transporta a cana pela esteira;
Extrator Secundário — segundo ventilador axial, com a função de remover impurezas da cana;
Resguardo da Carreta — ajuda a equilibrar a máquina;
Flap — lâmina de borracha responsável por levar a planta até o veículo transbordo.

Quais os benefícios da colheitadeira de cana-de-açúcar?

Elevar o nível de mecanização no campo com a colhedora de cana traz diversos benefícios. A seguir, saiba mais sobre eles.

Menor impacto ambiental

O uso da colhedora dispensa a queima da cana, que emite dióxido de carbono e de outros gases, responsáveis por potencializar o efeito estufa na atmosfera terrestre. Além disso, a queima da cana-de-açúcar também provoca difusão de fuligem.

Conformidade com a legislação

Desde 2001, os produtores rurais do estado de São Paulo foram obrigados pela legislação estadual a encontrar alternativas à queima. Em 2012, surgiu o Código Florestal Brasileiro, que impede a queima na colheita em todo o território nacional. Logo, o uso da colheitadeira de cana-de-açúcar surge como solução para melhorar as práticas agrícolas.

Aumento do rendimento operacional

A colhedora de cana consegue fazer em um dia o trabalho de 80 produtores rurais. Afinal, um agricultor eficiente e produtivo consegue fazer, em média, 12 toneladas de cortes da cana, por ser um trabalho que exige muito esforço físico. Consequentemente, ele também não consegue trabalhar 24h por dia, como uma máquina.

Se a cana não for queimada, dificultando o corte, o agricultor deve fazer, em média, seis toneladas. Como visto, o rendimento operacional no sistema mecanizado é superior ao trabalho manual, o que reduz a mão de obra.

Por outro lado, exige uma maior qualificação dos produtores rurais e melhora as condições de trabalho nos canaviais. Isso eleva as chances do cumprimento da Norma Regulamentadora 31 (NR 31), que cuida da segurança e saúde no trabalho rural.

Além disso, o uso da colhedora de cana exige a criação de novos empregos. Entre eles, estão os de motorista, tratorista, mecânico, condutor de colheitadeiras etc.

Redução de custos

Ao investir na colhedora de cana-de-açúcar, a eficiência operacional se eleva com redução de custos, por dispensar gastos com mais mão de obra. Outra característica da colhedora de cana que explica a redução de custos é o ganho agronômico obtido.

Isto é, em alguns casos, não é preciso remover a palha no solo, como ocorre com a queima manual. Isso mantém a cobertura vegetal e reduz a possibilidade de erosão, até por diminuir a exposição do vento e da chuva. Isso tornaria a terra improdutiva e prejudicaria as lavouras.

Contudo, é preciso ter cuidado ao usar a colhedora de cana para não compactar excessivamente o solo, dificultando a troca de nutrientes com as raízes das plantas. Diante disso, é necessário que o agricultor rural se atente ao manejo e adote práticas como a escarificação. Trata-se da abertura de sulcos para tornar o solo mais ‘’fofo’’ de um modo menos agressivo do que a aração e a gradagem.

Elevação da vantagem competitiva

Existem colhedoras menores e mais baratas, sem que a tecnologia envolvida deixe a desejar. Isso estimula a competitividade nas usinas e faz com que mais produtores rurais, mesmo os pequenos e médios, busquem essa máquina agrícola.

Essa busca tende a ser ainda maior porque muitas usinas investem na geração de energia elétrica com o bagaço e a palha da cana. Esse é outro estímulo para que os agricultores rurais deixem de queimar a matéria-prima e troquem a colheita tradicional pela mecanizada.

Diminuição do uso de defensivos agrícolas

Um solo empobrecido, o que é comum quando ocorrem queimadas, favorece o surgimento de ervas daninhas, que podem diminuir a produtividade da lavoura. Esse é outro benefício da colhedora de cana, por não necessitar da queima da matéria-prima.

Além disso, ela contribui para a manutenção dos nutrientes do solo e elevação dos microrganismos existentes. Assim, o agricultor economiza o uso de defensivos agrícolas para controlar as pragas presentes na lavoura.

Afinal, um tratamento com herbicida aplicado na cortada e queimada manualmente pode custar em média de US$ 25,00 a US$ 60,00. A informação é da pesquisa da Esalq da USP, citada no início do artigo. Logo, ao analisar o valor de uma colheitadeira de cana-de-açúcar, também considere os custos diretos e indiretos de manter a colheita manual.